O aumento do volume médio de emissões automóveis homologadas por via das novas normas do WLTP vai ter impacto sobre o preço dos carros novos a partir de Setembro.

Como Portugal é um dos poucos países automóveis onde a carga fiscal é calculada em função do nível médio das emissões registadas, o aumento do ISV e a necessidade de acrescentar tecnologia de retenção e tratamento de poluentes está a originar uma autêntica revolução na indústria automóvel.

A Fleet Magazine chamou à atenção para esta realidade na edição de março de 2017, mas a verdade é que, em termos legislativos, nada foi feito para atenuar este impacto.

Pior. Perante a emergência de ver modelos deixarem de ser competivos em termos de preço, sobretudo na oferta para as empresas, alguns importadores estão a introduzir versões, que já existiam mas que não eram até agora comercializadas em Portugal, destinadas a substituir a oferta em determinados escalões, sobretudo aqueles mais “sensíveis” em termos de Tributação Autónoma.

Por isso, este exemplo da Renault não é único.

“Apesar de termos alertado atempadamente o governo para o impacto do WLTP e para a necessidade de haver uma neutralidade fiscal que atenuasse o aumento do preço das viaturas, até agora nada foi feito”, afirma Hélder Pedro, secretário-geral da ACAP, à FLEET MAGAZINE.

Sem esquecer que podem existir outros impactos importantes para as empresas por via do aumento das emissões, A ACAP estima que, a já a partir de Setembro de 2018, possa existir um aumento médio de 10% do nível médio do CO2 homologado, podendo chegar ou até a ultrapassar os 30%, quando todos os carros novos ficarem sujeitos às regras do WLTP, o que está previsto acontecer a partir de Setembro de 2019.

O que deverá ter efeitos nefastos na fórmula atual de cálculo do ISV, sobretudo nos modelos que passam para um escalão de CO2 superior nas tabelas em vigor, isto, claro, se o Orçamento do Estado de 2019 não trouxer novidades nesta matéria.

Sem esquecer que sobre um ISV agravado incide ainda a taxa máxima de IVA.

Esta a principal razão porque o impacto deste novo cálculo de emissões em matéria fiscal, os seus reflexos para as empresas e as soluções possíveis para atenuar esse feito vão dominar os trabalhos da 7.ª Conferência Gestão de Frotas Expo & Meeting, dia 9 de Novembro no Centro de Congressos do Estoril.

 

As inscrições para a participação nos trabalhos já estão a acontecer.

Esta é a tabela elaborada pela ACAP com o cálculo do impacto que o WLTP nas emissões de CO2, valores médios por segmento e contabilizando tanto motores a gasolina como a gasóleo.

Segmento Ponderação NEDC1->NEDC2 NEDC2->WLTP NEDC1->WLTP
A 6% 14,8% 18,0% 39,5%
B 27% 11,3% 20,0% 32,6%
C 28% 8,5% 19,8% 29,1%
D 8% 13,9% 20,4% 35,9%
E 3% 11,9% 21,2% 34,8%
F 1% 14,3% 25,7% 43,6%
MPV 4% 9,2% 6,1% 15,8%
SUV 22% 9,0% 22,8% 29,9%
Média simples 10,6% 17,9% 27,9%
Média ponderada 10,4% 20,0% 31,2%