À espera de ligação à rede elétrica estão cinco wallbox
A Beltrão Coelho está a renovar a quase totalidade da sua frota automóvel com viaturas electrificadas, a esmagadora maioria 100% eléctricas.
São 17 Renault ZOE adquiridos em regime de leasing, para potenciar os benefícios fiscais, a que se juntam mais três Toyota Yaris híbridos.
Para destoar e meramente por questões de autonomia e funcionalidade, há três unidades a gasóleo na restante frota: dois Peugeot 208 e um Opel Corsa.
O que é notável e mostra arrojo da aposta é que esta é a primeira incursão da empresa no mundo dos eléctricos, sem disporem, para já, de uma infra-estrutura para carregamento das viaturas.
Em concreto, o que motivou tal decisão e como é que a Beltrão Coelho vai potenciar as capacidades de uma frota com necessidades tão específicas?
Como poupar e por onde poupar
De uma forma resumida e não necessariamente pela ordem de economia dos custos de utilização, de seguida estão são as razões mais importantes que justificam a aquisição dos Renault ZOE.
Estes carros vêm substituir viaturas Peugeot 208, a maioria entregues a comerciais e equipas de assistência que operam principalmente na área de Lisboa.
Estes colaboradores percorrem diariamente entre 50 a 100 quilómetros, essencialmente de área urbana. Que, tal como acontece com as instalações da Beltrão Coelho, se encontram em zona abrangida por parqueamento da EMEL.
Com Dístico Verde passado por esta entidade, os Renault ZOE beneficiam de estacionamento gratuito. O que representa uma poupança significativa não apenas nos custos de parqueamento, como em eventuais coimas e outras despesas com bloqueio ou reboque das viaturas em infracção.
A questão fiscal foi, sem dúvida, a razão mais importante que ponderou na decisão. Sem estarem sujeitos a Tributação Autónoma e com outros benefícios em sede de IRC, a aquisição em leasing destas dezassete viaturas de emissões zero facilitou também a dedução do IVA.
E, apesar de terem optado pela solução de aluguer das baterias, a permanência destes carros, ou de parte deles, após o tempo de vida útil previsto, é encarada como uma possibilidade.
Não menos importante, a imprevisibilidade com a rubrica dos combustíveis, alvo de constantes oscilações, e a expectativa de poder reduzir os custos de assistência e de manutenção, são outras parcelas que fazem parte da equação dos custos de utilização.
Mas como vai a Beltrão Coelho resolver a questão de manter a operacionalidade elétrica?
Como carregar e onde carregar?
Em redor das instalações da empresa, em Olaias, Lisboa, não existe qualquer posto público de carregamento eléctrico integrado na rede MOBI.E.
A própria localização da empresa e a ausência de um estacionamento privado no exterior condicionam a colocação de postos de carga.
Mas à espera de serem ligadas à rede elétrica estão várias wallbox na garagem/armazém da empresa e é equacionada a instalação de uma outra na parede exterior do edifício.
O carregamento dos, à data da entrevista, cinco carros já entregues, é feito na rede pública ou na garagem/armazém junto à sede, maximizando o facto de as viaturas circularem pequenos trajectos maioritariamente urbanos e a boa autonomia do ZOE.
10 a 15% de redução dos custos de utilização
Foi a boa experiência tida com um carro eléctrico que levou Ana Cantinho, directora-geral da Beltrão Coelho, a equacionar esta opção no momento de renovar a frota.
Desfeito o fantasma da autonomia e descoberto o conforto que a condução de um carro eléctrico proporciona, Ana Cantinho rapidamente também percebeu que, na equação dos custos, as vantagens fiscais eram fortes aliadas do desejo de modernizar a imagem da empresa.
Estas viaturas estão afectas a que áreas?
Sobretudo comerciais e técnicos que andam na área de Lisboa, que circulam cinquenta, cem quilómetros por dia. Pode haver um ou outro que faça mais. Mas pouco mais.
Mas há viaturas que não renovámos com elétricos, exatamente porque fazem muito mais do que isso. Por exemplo, no Algarve e, nesse caso, estamos a mudar para híbridos.
Numa frota com 23 carros, 17 puramente eléctricos são bastantes carros. Que razões pesaram na escolha?
Os custos inerentes. Apesar de ainda não podermos contabilizar com precisão, ficam muito mais baratos do um carro do que um carro a gasóleo.
Por várias razões e uma delas é o estacionamento. A EMEL é muito recente aqui e, desde que chegou à nossa zona, duplicámos ou triplicámos os custos de estacionamento.
A tributação autónoma é outra razão que deita por terra qualquer tipo de comparação de custos.
O preço do gasóleo está muito instável, não sabemos qual o futuro deste tipo de solução e queremos marcar também uma posição em termos ambientais.
Por isso, pensámos que era a altura ideal. Porque daqui a três anos podemos ter de voltar a renovar a frota e então colocar eléctricos, ou até antes, caso a circulação urbana com motor a gasóleo venha a ser condicionada… então, porque não fazer já?
Consegue estimar quanto é que pode poupar com esta decisão?
Os estudos que fizemos apontam entre 10 a 15%. Entre impostos, manutenções, estacionamento, consumos…
Qual a razão da opção pelo leasing?
Essencialmente a dedução do IVA. Mas o leasing é a 36 meses e com um valor residual mínimo, por isso, se as viaturas estiverem em bom estado, com poucos quilómetros e se se justificar deveremos mantê-las mais tempo ao serviço.
Recorreram aos incentivos para a aquisição de elétricos?
Não sei se vamos conseguir. Apresentamos o pedido apesar de o ‘plafond’ já estar esgotado, mas existe a possibilidade de ser utilizado o fundo não utilizado para a aquisição de motociclos.
Como está a ser a recetividade dos utilizadores das viaturas que já foram entregues?
Inicialmente foi de espanto. Mas depois de experimentarem ainda não tivemos nenhuma reacção negativa.
Inclusivamente, recebi um email pessoal de um técnico a louvar a atitude da empresa.
É necessário mudar gradualmente a mentalidade. A mudança não é fácil.
Quais as dificuldades?
A maior é com o carregamento. Eu própria tenho um carro há duas semanas e só hoje recebi o cartão que me permite carregar o carro.
Mas é complicado. Os carregadores públicos são lentos e não temos nenhum nas imediações. Solicitámos apoio à MOBI.e e remeteram-nos para uma série de fornecedores particulares.
Para instalar um posto público teríamos de suportar todo o custo de instalação, qualquer coisa como sete a oito mil euros.
Por isso fizemos algumas obras internas e instalámos cinco wallbox nas nossas instalações, que aguardam apenas a ligação à rede EDP. E pensamos instalar outro na parede do prédio, voltado para o exterior, para podermos carregar no estacionamento público.
Já o Dístico Verde foi imediato e já efetuamos mais pedidos a outros municípios que asseguram estacionamento gratuito para carros eléctricos.
Dado que optaram por um modelo de leasing e a 36 meses, como tratam os restantes serviços?
Fizemos o aluguer de baterias, de acordo com a média de quilómetros do utilizador.
O nível de manutenção destes carros também é muito pouco e é feito na Gilauto, onde adquirimos os ZOE.
E tratamos dos seguros, que incluem viatura de substituição.
Em termos de geolocalização, telemática… utilizam algum destes serviços?
Já tivemos, mas não justifica. Trabalhámos três anos com a Inosat mas quase não utilizávamos. Não somos assim tantos, há muita confiança e transparência que não justifica a sua utilização.
Existe política de frota implementada?
Há um acordo de utilização de veículo.
Em relação às coimas é da responsabilidade dos utilizadores.
Em caso de sinistro, avaliamos o grau de responsabilidade do condutor e se considerarmos que não se preocupa minimamente com o carro terá de andar o serviço sem a viatura.
Nunca aconteceu, felizmente são muito poucos os sinistros que existem. Mas está estipulado que podemos retirar a viatura.