Uma análise ao TCO de alguns modelos com motor diesel e mecânicas plug-in, para ajudar a entender melhor as razões que permitem aos veículos PHEV apresentar custos de utilização mais reduzidos.
Este estudo TCO a 48 meses/100 mil quilómetros, elaborado em conjunto pela Tips4Y, demonstra de que forma os modelos plug-in podem contribuir para reduzir os custos da frota.
As unidades presentes fazem parte da grelha de escolhas de muitas empresas e o preço de aquisição utilizado é o valor indicativo para frotas fornecido pelas respetivas marcas.
O cabaz inclui uma oferta diversificada de carroçarias dentro do 2.º escalão da Tributação Autónoma (27.500 a 35 mil euros).
As versões híbridas plug-in presentes, além de motor elétrico, possuem motor a gasolina e cumprem com os requisitos de emissões e autonomia que permitem a dedução do IVA ao respetivo custo de aquisição. Daí que seja este o valor considerado na contabilização dos custos de utilização dos PHEV.
Por respeitarem as exigências introduzidas no OE para 2021, os encargos com estes modelos beneficiam também da taxa reduzida de Tributação Autónoma (TA) de 10%.
Já as viaturas a gasóleo sujeitam os respetivos encargos à taxa normal de TA de 27,5%.
O estudo estima os gastos com combustível e eletricidade. No cálculo foram utilizados os valores de referência para o gasóleo e gasolina simples fornecidos, a meio do mês de março de 2021, pela DGEG.
No custo considerado com o gasóleo foi aplicada a dedução de 50% do valor do IVA e, no caso dos plug-in, a dedução total deste imposto nas despesas com a eletricidade utilizada para carregamento da bateria.
Análise aos valores
Mais do que a avaliação individual dos cutos apresentados por cada uma das viaturas (porém, verifica-se que nenhuma com motor diesel apresenta custos totais de utilização inferiores a qualquer dos veículos PHEV incluídos neste TCO), neste estudo da Tips4Y sobresai o facto do custo médio das soluções PHEV ser mais reduzido: 20,46 euros por cada 100 quilómetros, face aos 23,66 euros dos veículos diesel.
Após quatro anos, a poupança estimada é de cerca de quatro mil euros.
Porém, esta quantia pode ser ainda mais elevada quando às contas são somados os encargos com a Tributação Autónoma.
Para não complicar demasiado a explicação da afirmação anterior, vamos considerar que o valor total da depreciação considerada para cada uma das viaturas presentes neste TCO é de 25 mil euros, o limite aceite fiscalmente para os automóveis ligeiros de passageiros com motor diesel ou a gasolina, embora este limite seja fixado nos 50 mil euros nos veículos plug-in (por conseguite, o custo de aquisição dos PHEV que constam deste cabaz pode ser depreciado na totalidade).
Apesar da desigualdade do número de unidades em cada categoria, o valor médio das despesas consideradas por cada tipo de viatura (manutenção, pneus, combustível, eletricidade e IUC) é o seguinte:
- Modelos a gasóleo: 8.891 euros;
- Modelos PHEV: 5.707 euros.
Já os 25 mil euros provenientes da depreciação são responsáveis por um encargo extraordinário de Tributação Autónoma de:
- 9.320 euros no caso das viaturas a gasóleo, resultado da incidência de uma taxa de 27,5%;
- 3.070 euros no caso dos veículos com motor híbrido plug-in, resultado da incidência de uma taxa reduzida de TA de 10%.
Sendo assim, aos quatro mil euros da economia demonstrada pelo estudo TCO, devem acrescentar-se quase 6.300 euros que resultam do efeito da aplicação de taxas bastantes distintas de Tributação Autónoma à depreciação de cada viatura.
Esta poupança superior a dez mil euros em viaturas do segundo escalão de Tributação Autónoma, com valores de aquisição semelhantes (algo exequível devido à possibilidade de deduzir o IVA ao custo dos modelos plug-in), poderia ser ainda maior se, no caso da comparação estabelecida, incidisse entre viaturas a gasóleo e viaturas exclusivamente elétricas, cujos encargos não estão sujeitos a Tributação Autónoma. Ou mesmo se o estudo comparativo abrangesse o mesmo tipo de modelos mas com custos de aquisição superiores a 35 mil euros, escalão onde a taxa de Tributação Autónoma aplicável aos encargos com os veículos híbridos plug-in é reduzida a metade, ou seja, é de 17,5% ao invés de 35%.
Independentemente da análise fiscal que foi feita, o quadro mostra que não se registam diferenças substanciais nos custos de manutenção e de pneus entre os dois tipos de viaturas.
Enquanto os residuais são de igual modo aproximados, as diferenças maiores ocorrem nas despesas de combustível.
No entanto, como a Fleet Magazine faz questão de reafirmar, estas contas não consideram outras despesas associadas à eletrificação, como a instalação de infraestruturas de carregamento, que devem ser consideradas na ótica de um investimento com rentabilidade mais dilatada no tempo do que o período considerado para utilização da viatura.
Essencial para que sejam cumpridos estes objetivos é também o modelo de utilização considerado para a viatura e aplicado na sua condução.
Os desvios aos consumos anunciados para os veículos a gasóleo são tendencialmente bastante menores do que os que se verificam nos modelos plug-in e, para evitar que isso aconteça, é fundamental:
- Analisar previamente o tipo de utilização previsto para as viaturas plug-in (idealmente percursos pendulares em torno dos 50/60 km, com carregamento da bateria a cada imobilização);
- Consciencialização dos seus utilizadores para a utilização do potencial elétrico para circular sem emissões e não para fazer aproveitamento da potência mais elevada que resulta da utilização conjunta dos dois motores;
- Dotação de condições para carregamento da bateria que, nos modelos PHEV atuais, demora entre três a quatro horas (dependendo da capacidade e da velocidade de carregamento).