Os modelos elétricos e híbridos plug-in (PHEV) assumiram este ano uma redobrada importância para as empresas, devido não só aos benefícios fiscais agregados ao seu uso e aquisição, como à necessidade de redução da pegada ambiental das organizações.
Apesar do fim do incentivo de 562,50 euros na aquisição de um PHEV, traduzido pela redução do ISV, prevê-se a manutenção das restantes vantagens, a mais importante das quais o pagamento de 50% de Tributação Autónoma em função do respetivo escalão de preço de aquisição.
Daí a relevância em apresentar este estudo sobre os custos de utilização de alguns modelos representativos do parque nacional e com importância para as frotas, ressalvando, desde já, alguns aspetos.
Um deles, o mais evidente, é o facto de pertencerem a segmentos distintos.
Deve também levar-se em consideração que os preços de aquisição são os valores de tabela de cada uma das marcas e não contemplam campanhas ou outros descontos.
No caso dos modelos de custo mais elevado, este facto é bastante importante devido à faculdade de dedução do IVA, o que permite, em alguns casos, um preço de aquisição inferior a 50 mil euros.
Em termos de Tributação Autónoma, em 48 meses, isso pode representar uma poupança de cerca de 12.500 euros num veículo PHEV de 61 mil euros (IVA incluído), face a um modelo a gasóleo de valor idêntico.
Além de possibilitar o dobro do valor da depreciação em sede de IRC, a 21%.
Alguns SUV de 7 lugares podem ainda benefciar com a classifcação como Classe 1 com identifcador de Via Verde.
Deve ainda atender-se aos motores acoplados às unidades híbridas e às suas cilindradas e ao combustível utilizado.
Foram analisadas apenas propostas híbridas com motor a gasolina, por ser essa a tendência atual dos construtores.
A avaliação da componente combustível é, provavelmente, o fator mais variável desde estudo.
Como é habitual em cada trabalho efetuado pela TIPS 4Y em exclusivo para a Fleet Magazine, o apuramento dos custos com o combustível é baseado nos valores indicativos anunciados pelo construtor.
Ora se no caso dos motores a gasóleo é expectável contar com desvios de 20 a 30%, no caso dos híbridos plug-in, esse desvio pode chegar facilmente aos 400 ou 500%!
Para isso acontecer, basta que não se faça uso do modo elétrico, sendo que este também está limitado a umas poucas dezenas de quilómetros.
Mas sempre mais de 25 km, condição essencial para poder aceder aos benefícios concedidos
Outro fator que impede uma comparação direta entre modelos aparentemente concorrentes tem a ver com os valores residuais atribuídos a cada carro.
Mais uma vez, são números indicativos conservadores, sempre difíceis de apurar face às evoluções do mercado e muito dependentes do historial já existente de cada modelo.
Daí a explicação para os bons resultados das propostas com mais anos no mercado, face às mais recentes entradas neste segmento.
Vamos então olhar com mais detalhe para cada caso.
Prius tem concorrentes novos
O mais emblemático dos modelos híbridos enfrenta adversários novos na sua classe.
A segunda geração híbrida plug-in do Toyota passou a ter dois concorrentes provenientes do mesmo grupo, mas com filosofias diferentes: enquanto o Hyundai IONIQ é aquele que mais se aproxima do Toyota Prius em termos de confguração da carroçaria, o Kia Niro PHEV tem uma imagem mais próxima de um SUV.
Além de mais recentes, os dois carros coreanos apresentam a vantagem de terem sido desenvolvidos de raiz para soluções elétricas puras.
Já o Prius impõe-se pelo historial e imagem de marca, fatores que derivam de uma experiência de mercado de muitos anos, desde logo explanada nos melhores valores residuais que apresenta.
Causas importantes que contribuem decisivamente para o reduzido custo de utilização que o Prius apresenta, tem a ver com os valores indicados pela marca para a manutenção (planos de manutenção preventiva ou mesmo a inclusão deste custo no valor de aquisição não foram contemplados por esta análise), com os consumos (neste caso homologado de 1 litro, ver ensaio a este modelo nesta edição) e ainda com os pneus, que contrabalançam um preço de aquisição relativamente mais elevado e um IUC mais alto, consequência de utilizar um motor 1.8 a gasolina.
Como o custo de aquisição, sem IVA, de qualquer um destes três carros se enquadra no segundo escalão de Tributação Autónoma (>25.000 euros e <35.000 euros), a taxa aplicada é de 10%.
“Premiuns e SUV”
De outra forma devem ser olhados os restantes modelos presentes neste estudo realizado pela TIPS 4Y.
Mais uma vez frisando as circunstâncias atrás referidas de disparidade de soluções motrizes e ainda o pouco historial de algumas versões no mercado.
Sem esquecer os descontos praticados para empresas que, com a dedução do IVA, pode traduzir-se num preço de aquisição inferior a 50 mil euros.
Com importância acrescida em termos de tributação autónoma, onde as viaturas híbridas plug-in, com custo de aquisição superior a 35 mil euros têm uma taxa de 17,5%, metade da que incide sobre automóveis com motor a gasóleo, por exemplo.
Mas também as diferenças de equipamento que, não raras vezes, a este nível, se traduzem em vários milhares de euros ou a disponibilidade de pacotes de manutenção preventiva com valores mais atraentes do que os previstos pelo respetivo plano de cada um dos modelos.