Os números finais nas vendas de 2018 evidenciam um acentuado crescimento da procura de viaturas com motor a gasolina, em contraponto com uma descida ainda mais acentuada a venda de modelos a gasóleo.

Esta tendência manteve-se no primeiro trimestre de 2019 e a subida das rendas em AOV das propostas diesel está muito acima do percentual de subida do preço de aquisição desses mesmos modelos, devido talvez à perda de valor residual das mecânicas a gasóleo.

Em todo o caso, reflecte uma maior prudência por parte de algumas gestoras, preocupadas com o escoamento desse tipo de carros no final dos contratos.

O que comparar?

Por outro lado, se durante muitos anos as mecânicas diesel conheceram evoluções constantes na busca de um melhor rendimento com menos capacidade cilíndrica (logo, motores mais compactos, mais leves e com melhores consumos), a evolução dos blocos a gasolina é mais  recente, e parte do mérito desse desenvolvimento deve ser dado à Ford, com o desafio lançado com o seu pequeno e potente tri-cilíndrico 1.0 Ecoboost há… sete anos!

Contudo, na mesma linha devem ser colocados motores mais jovens e igualmente eficientes e ágeis, como os que são disponibilizados nas marcas dos grupos Volkswagen e Hyundai. E, num patamar acima em termos de cilindrada, os da PSA ou o moderno motor recém-estreado no Renault Mégane e no Classe A, igualmente incluídos no cabaz avaliado pela TIPS 4Y para a FLEET MAGAZINE.

Como já aconteceu em estudo anterior, resolvemos incluir uma proposta diferenciadora, no caso o Toyota Auris híbrido, até porque, como se poderá verificar, tem um preço alinhado com os restantes.

Completamente “outsider” deste estudo fica o Fiat Tipo que, se no caso do diesel tem a oferta consolidada em torno de dois motores competitivos, a oferta a gasolina não inclui o novo 1.0 presente noutras gamas.

A importância dos residuais e dos consumos

Este estudo aos familiares compactos com motor a gasolina demonstra, mais uma vez, a importância que os residuais têm, ao reter valor de marcas com maior facilidade de escoamento no mercado de usados, evidenciando também a atenção que deve ter, para as restantes marcas, conseguir controlar e elevar esses valores assumindo as retomas.

Contudo, no que se refere aos residuais, este poderá ser também o índice mais variável ao longo da duração do estudo (48 meses/120 mil quilómetros, como habitualmente), uma vez que a inversão da tendência da procura é um dado ainda jovem no mercado português e de evolução não totalmente garantida.

Os consumos adquirem também neste contexto um interesse redobrado e, se os cálculos da análise são feitos sobre os valores indicados pelas marcas, sabe-se que a probabilidade de desvios nos carros com motor a gasolina é superior ao das versões com mecânica diesel. Mas, se isso é um factor a ter em conta, em todo o caso, face aos valores de CO2 mais elevados em relação ao gasóleo, nas empresas onde essa contabilidade é importante, os números indicativos de cada fabricante são relevantes.

 

O veredicto

Ponderadas estas questões, o preço de aquisição assume igualmente grande importância, como mostra a avaliação feita pela TIPS 4Y. Neste particular, é notável o valor praticado pela Fiat e pela Peugeot para os seus modelos, sobretudo no que se refere ao 308, com uma mecânica mais moderna e numa versão pensada para as empresas.

Embora este seja o dado mais variável à cabeça, uma vez que as negociações caso a caso podem facilmente fazer variar o valor de aquisição e, como se observa na tabela, existem valores TCO muito aproximados.

Pese embora toda a competitividade do Auris em termos de preço, o facto de apresentar um motor 1.8 l praticamente faz duplicar o valor de IUC face às melhores propostas do cabaz, o suficiente para tornar menos competitivo os ganhos obtidos no consumo.

Nota ainda para as manutenções. Embora possa não fazer sentido em situações de AOV onde este serviço está incluído, no caso das aquisições e tendo em conta alguns valores praticados, é de ponderar a contratação prévia de packs pré-definidos de manutenção programada no momento da aquisição, que sirvam durante o período de utilização da viatura na empresa.

Mais do que um ranking, este estudo da TIPS 4Y pretende dar uma indicação da oferta existente e de algumas variáveis que podem condicionar um melhor TCO.

Por isso, não garante a equiparação de equipamento que pode fazer ajustar valores de aquisição em ambas as direcções e que podem também reflectir-se, e essa é uma das realidades novas trazidas pelo WLTP, sobre os valores de consumo e emissões. Ou ainda sobre o encargo dos pneus.