Todos os automóveis ligeiros elétricos com custo de aquisição até 62.500 euros, valor sem IVA, permitem às empresas a dedução deste imposto, não sujeitar os respetivos encargos da viatura a Tributação Autónoma e estão isentos de IUC. Mas há outros custos associados a um carro elétrico que fazem a diferença.
O número de automóveis exclusivamente elétricos não pára de aumentar. Contudo, a ausência de dados relativos aos custos de manutenção levou a que não fossem incluídos no cabaz de viaturas deste TCO, elaborado como é habitual pela TIPS4Y (estudo a 48 meses/100 mil quilómetros), carros que fazem parte da escolha de algumas empresas.
Engloba porém novidades importantes que não foram analisadas em estudo idêntico publicado há pouco mais de um ano pela Fleet Magazine, nomeadamente os de duas marcas com presença assegurada nas frotas: Peugeot e Volkswagen.
Aos recém-chegados VW ID.3 e ID.4 e Peugeot e-2008 e e-208, juntam-se os “veteranos” Renault Zoe e Nissan LEAF, com vasto historial em muitas frotas de empresas e entidades públicas.
Juntam-se também dois modelos coeranos do mesmo grupo (Hyundai Kauai EV e Kia e-Niro), o primeiro Opel Corsa elétrico com base mecânica igual à do “primo” e-208, um Audi de um “campeonato” distinto de todos os restantes da tabela e ainda veículos de duas marcas do grupo BMW com posicionamento de mercado substancialmente diferentes: o “veterano” BMW i3 e o “quase” desportivo MINI Cooper SE.
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A importância do valor residual e dos custos de manutenção
O passar dos anos contribui para tornar mais fácil chegar a um valor residual mais de acordo com a realidade do mercado. Curiosamente, apesar da juventude de alguma oferta, o estudo da TIPS4Y mostra que a regra dos carros alemães levarem vantagem neste fator também é válida nos elétricos.
Todos os que estão presentes neste estudo, sem exceção, retêm mais de metade do valor de aquisição após quatro anos/100 mil quilómetros, com o BMW i3 a ser aquele que apresenta uma menor desvalorização no final do período considerado.
Os custos de manutenção têm sido até agora apresentados como mais reduzidos quando comparados com versões equiparáveis com motor térmico, e essa vantagem parece manter-se. Ainda que se admita que possa haver um aumento do preço por hora da mão-de-obra, devido à exigência de uma maior especialização dos mecânicos e do necessário investimento tecnológico das oficinas, é preciso manter presente que os custos de manutenção dos veículos térmicos também têm vindo a crescer, por força da incorporação de complexos dispositivos de retenção de gases, da integração de cada vez mais equipamento eletrónico e de sistemas de segurança, por exemplo.
Porém, talvez de forma ainda mais evidente, quer os custos de oficinas, quer com pneus e também com a energia elétrica consumida vão depender do tipo de utilização dado à viatura e do modelo de condução praticado.
Neste aspeto um carro elétrico consegue ser ainda mais “transparente” quanto ao tipo de condução a que foi submetido, nomeadamente através dos “indícios” que deixam o maior desgaste do sistema de travagem e a degradação dos pneus.
Tanto no que se refere à longevidade da bateria, como em matéria de consumos, deve ser prestada grande atenção à frequência e quanto ao tipo de carregamento praticado.
O cálculo do consumo aplicado nesta tabela é baseado num custo médio de 20 cêntimos por kW de energia, e serve apenas para comparação.
Não leva em conta vantagens tarifárias, por exemplo, nem o investimento numa infraestrutura de carregamento (embora algumas marcas ofereçam wallbox, podem existir custos de instalação do equipamento ou relacionados com um eventual reforço da rede elétrica), algo que deve ser estudado e orçamentado antes de qualquer decisão quanto ao carro elétrico a escolher.
Conclusão
A tabela 1 não deve ser entendida como um estudo comparativo, mas pode servir como indicador de trabalho.
O facto de todos apresentarem mecânica exclusivamente elétrica não os torna necessariamente comparáveis entre si, como se de um segmento se tratasse, embora, admita-se, fazer essa diferenciação está a ser cada vez mais fácil devido ao aumento da oferta de modelos.
Tal só é possível porque existem mais construtores a apostarem na mobilidade elétrica, incluindo uma opção elétrica a cada renovação da gama, com a mesma naturalidade com que o fazem em relação à escolha entre um motor a gasolina ou um a gasóleo. Nesta lista, essa foi a aposta assumida com os dois modelos da Peugeot e pela Opel, com o Corsa-e.
Um pormenor interessante desta tabela é que o custo por 100 km dos primeiros dois patamares de preço é muito semelhante, variando entre os 13,56 e os 15,78 euros. Embora o valor considerado com a energia seja bastante conservador (0,20 euros/kW), o TCO dos modelos mais acessíveis também não parece extraordinariamente concorrencial face a uma versão a gasolina ou a gasóleo.
O que torna bastante evidente a importância dos benefícios fiscais associados aos veículos exclusivamente elétricos.